Por Redação – A Voz de Campos RJ
A narrativa da “moralização administrativa” perde força diante da realidade. Não se trata de virtude, mas de obrigações. O Prefeito de Campos dos Goytacazes já sabia, desde o acordo firmado com o Tribunal de Contas do Estado (TCE), que teria que cumprir — até abril de 2026 — a extinção dos contratos RPA (Recibo de Pagamento Autônomo). E a hora chegou.
A troca de RPAs por cargas comissionadas, terceirizações e concursos públicos não é novidade. Mas o impacto, esse sim, bate forte. Em 2023, surgiram os primeiros concursos – Fundação da Infância e Juventude, Auditores Fiscais e Guarda Civil Municipal. Agora, em 2025, o corte se aprofundou.
Mesmo sem dados oficiais divulgados pela Prefeitura, apuração exclusiva da Voz de Campos RJ indica que mais de 4 mil servidores em RPA já foram dispensados este ano. Só na Secretaria de Saúde, 500 exonerações . E isso é só o começo. Com 10.800 RPAs contabilizados , restam ao menos 5.800 desligamentos a caminho .
Dos 10.800, apenas 1.000 já migraram para cargas de confiança (DAS) , e o novo organograma só comportará mais 1.500 nos próximos dias . Ou seja, 9.300 trabalhadores deverão ficar sem função, sem carga, e pior: sem emprego .
O novo organograma da Prefeitura foi aprovado em regime de urgência pelos vereadores da base aliada. As Secretarias de Saúde, Assistência Social e Educação absorverão os poucos novos nomeados. O restante? Vai para a fila do desemprego.
E AS TERCEIRIZADAS?
Esse é o “plano B” da Prefeitura: empresas terceirizadas. Mas até agora, nenhum edital foi lançado. A Secretaria de Educação é a única pronta para receber essa nova força de trabalho, após enviar os documentos ao TCE para tentar garantir a continuidade via TAC (Termo de Ajustamento de Conduta).
Ainda assim, não há nenhuma garantia de que haverá espaço para os 9.300 que sairão dos RPAs . A primeira empresa cotada teria apresentado um custo médio de R$ 2.400,00 por funcionário , o que significa mais que o dobro de um salário direto de R$ 1.000,00. E já há especulações de que esse valor ainda é baixo frente ao padrão de mercado, que gira em torno de R$ 2.700,00 por colaborador.
ENQUANTO ISSO, NA POLÍTICA...
Os vereadores da base governamental estão em pânico . Muitos tinham indicados: 300, 400, até mais. Agora, vão manter 50, talvez 100. O que dizer aos 200 que ficaram de fora? Pessoas que bateram de porta em porta, fizeram campanha, acreditaram, e hoje estão abandonadas. A frustração é geral. A revolta está sendo silenciada, por enquanto.
Três concursos foram realizados em 2024, e o próximo, da Educação, está marcado para o fim do ano. Em 16 de junho, as novas Guardas Municipais tomarão posse. Mas isso resolve? Não. Não substitui o impacto de 9 mil famílias à deriva.