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STF: Fux vota pela nulidade absoluta do processo contra Jair Bolsonaro

 

Competência e foro privilegiado em debate

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela nulidade absoluta do processo que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus de participação na trama golpista após as eleições de 2022. Segundo o magistrado, o STF não possui competência para julgar os réus porque, no início da ação penal, nenhum deles tinha mais foro privilegiado. O caso, na visão de Fux, deveria tramitar em primeira instância da Justiça Federal.

Preliminar de incompetência do STF

Fux sustentou que se trata de uma incompetência absoluta do Supremo, uma vez que os denunciados já haviam perdido seus cargos públicos à época dos fatos analisados. Para ele, todos os atos decisórios praticados até agora devem ser declarados nulos. O ministro também destacou que a mudança recente no entendimento do foro privilegiado não pode retroagir para casos cujos fatos ocorreram antes dessa alteração.

Cerceamento de defesa e “tsunami de dados”

Outro argumento central foi o alegado cerceamento de defesa: Fux apontou que o volume excessivo de provas — mais de 70 terabytes de dados — prejudicou o direito dos advogados de analisar os materiais com tempo e identificação suficiente. Ele qualificou esse conjunto de provas como um verdadeiro “tsunami de dados”, afirmando que tal situação feriu princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa.

Voto em divergência e caminho para anulação

O voto de Fux abre divergência em relação aos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino, que já haviam se manifestado pela condenação dos réus. Para que a nulidade absoluta seja declarada, é necessário que mais dois ministros da Primeira Turma acompanhem esse entendimento. Caso a maioria não se forme, o julgamento seguirá com divergências abertas.

Possível absolvição em acusação específica

Fux indicou que votará pela absolvição de Bolsonaro na acusação de organização criminosa — porém, para isso, seriam necessários ao menos três votos específicos nessa linha. Ele também sugeriu que, se o processo permanecer no STF, ele deva ser levado ao plenário composto pelos 11 ministros, e não apenas julgado pela Primeira Turma.

Próximos passos processuais

Até o momento, faltam os votos das ministras Cármen Lúcia e do presidente da Primeira Turma, Cristiano Zanin, para que se complete a análise preliminar. O resultado dessas decisões poderá abrir caminho para a defesa de Bolsonaro recorrer com novos embargos, caso a nulidade absoluta seja rejeitada pela maioria.


Mais contextualização

O processo conhecido como “núcleo crucial” da trama golpista envolve oito réus, entre eles Jair Bolsonaro, ex-ministros e ex-oficiais, acusados de crimes como golpe de Estado, dano qualificado e organização criminosa armada.

A mudança de entendimento sobre o foro privilegiado, aprovada em março, foi decisiva para a tramitação no STF, mas Fux defende que ela não se aplica a fatos ocorridos antes da alteração.

Situações semelhantes em processos jurídicos já analisaram casos de cerceamento de defesa por excesso de provas, fortalecendo a tese do ministro.


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