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Explosão de revolta: carroceiros paralisam Campos em protesto contra proibição de circulação


Campos dos Goytacazes viveu um dia marcado por tensão, congestionamentos, cenas de forte impacto nesta terça-feira (19). Centenas de carroceiros se uniram em um protesto explosivo contra a nova regulamentação da Prefeitura que restringe a circulação de veículos de tração animal em diversas áreas da cidade. O movimento, que começou pela manhã, rapidamente tomou grandes soluções e foi incluído por pontos estratégicos.

O Trevo do Índio , na BR-101, foi o epicentro da manifestação. Pneus em chamas, fumaça densa cobrindo parte da rodovia e bloqueios parciais fizeram o trânsito travar completamente. Motoristas dizendo filas quilométricas e demoram horas para conseguir passagem. Além da rodovia, avenidas importantes como Arthur Bernardes e Nilo Peçanha também ficaram congestionadas, em efeito cascata provocado pela mobilização. A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal precisam agir para tentar controlar a situação e evitar maiores confrontos.

Ao mesmo tempo, outro grupo de manifestantes ocupou a frente da Prefeitura de Campos , levando faixas, cartazes e palavras de ordem. O tom foi de indignação e desespero. Muitos carroceiros foram acompanhados de seus animais, reforçando o vínculo direto entre trabalho e sobrevivência. "É daqui que tiramos o pão dos nossos filhos. A Prefeitura quer nos parar sem dar alternativa", desabafou um dos trabalhadores, aos prantos.

O estopim do protesto foi uma medida anunciada pelo governo municipal que impõe cadastro obrigatório de carrosceiros e animais de tração até o próximo dia 29 de agosto. O processo começou nesta segunda-feira (18), na Rua Sílvio Fontoura, nº 81, no Parque João Maria, ao lado da UBS Pet, funcionando das 9h às 16h. A determinação prevê que, sem o cadastro, a circulação será totalmente proibida em áreas delimitadas da cidade, sob pena de apreensão de animais e aplicação de multas.

Segundo a Prefeitura, na medida em que busca modernizar a mobilidade urbana e garantir melhores condições de bem-estar animal , atendendo às recomendações técnicas e demandas históricas da sociedade civil. Entretanto, para os carroceiros, o projeto foi imposto de forma bruta, sem debate, e ameaçava a sobrevivência de centenas de famílias que dependem diretamente da atividade.

Durante o ato, os relatos foram unânimes: sentimento de abandono, medo de perder o sustento e ausência de diálogo. "A Prefeitura fala em modernidade, mas não oferece alternativas. A gente cuida dos nossos animais, eles são tratados como membros da família. Querem nos tirar da rua, mas não nos dão trabalho em troca", afirmou outro manifestante, sob aplausos.

A manifestação desta terça não foi apenas um protesto; foi um grito de resistência . O fogo nos pneus simbolizou a revolta de quem se sente invisível e ameaçado. O bloqueio das ruas expôs à cidade inteira que existe um conflito aberto entre a gestão pública e uma categoria que carrega nas rédeas séculos de tradição, mas que agora se vê à margem de uma política de modernização.

O cenário em Campos é de incerteza. Enquanto a Prefeitura reafirma o compromisso com a nova regulamentação, os carroceiros garantem que manterão a pressão e prometem novas paralisações caso não sejam ouvidos. O que hoje foi visto como uma explosão de revolta pode se transformar em um impasse duradouro, capaz de impactar o trânsito, a rotina da cidade e, principalmente, o futuro de centenas de famílias que dependem do trabalho com carros para sobreviver.

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