Polêmica dos Reboques e Leilões em Campos dos Goytacazes Ganha Repercussão
Críticas, indignação popular e respostas políticas marcam debate sobre blitz e leilões do IMTT

Veículos apreendidos aguardam o leilão
A ação extrajudicial promovida pelo Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) de Campos dos Goytacazes, marcada para 6 de agosto de 2025, reacendeu uma polêmica antiga e crescente na cidade: as denúncias de supostos abusos em blitze de trânsito, acusações de uma “máfia dos reboques” e a indignação de populares que perderam seus veículos — em especial motocicletas — em fiscalizações consideradas arbitrárias por muitos.
A iniciativa, que disponibiliza motos e veículos apreendidos em blitze para venda online, tem como objetivo, segundo o IMTT, dar destino legal a veículos que se acumulam nos depósitos públicos e arrecadar recursos para o município. No entanto, a medida tem sido alvo de fortes críticas, sobretudo nas redes sociais, onde os moradores relatam experiências traumáticas com fiscalizações tidas como abusivas, falta de orientação adequada, e até casos de veículos rebocados mesmo com documentos regularizados.
Revolta Popular e o Clamor de Quem Perdeu Tudo
A insatisfação por parte da população é evidente. Em diversos depoimentos nas ruas e nas redes, pessoas relataram que perderam seus meios de transporte por pequenas irregularidades, como atraso de dias em impostos, ausência de habilitação momentânea ou até falhas de comunicação entre os órgãos públicos. Para muitos, a moto apreendida é o sustento da família.
“Minha moto estava com IPVA quitada, mas fui parado numa blitz, e alegaram problema no sistema. Não tive nem chance de contestar. Recolheram minha moto e eu não consegui reaver. Agora estou vendo ela sendo leiloada”, lamenta Marcos Paulo, entregador de 32 anos, morador de Guarus.
Casos como o de Marcos geram indignação crescente e reacendem questionamentos sobre a transparência dos procedimentos do IMTT e possíveis interesses econômicos por trás da alta frequência das blitze.
Críticas Políticas e Acusações de Esquemas
A denúncia mais contundente veio à tona por meio de ex-vereadores e parlamentares que já haviam apontado, em sessões da Câmara, a existência de um possível “esquema de reboques”, onde empresas contratadas para o transporte e guarda dos veículos lucrariam de forma desproporcional, com a anuência de setores públicos.
“A população não pode continuar sendo penalizada por falhas sistêmicas ou interesses escusos. Precisamos garantir que os direitos dos cidadãos sejam respeitados e que as leis sejam aplicadas com equilíbrio e justiça”, disse o parlamentar em nota à imprensa.
Posicionamento da Prefeitura e do IMTT
Diante da repercussão negativa, a Prefeitura de Campos, por meio de nota oficial, afirmou que o leilão segue todos os trâmites legais previstos na legislação federal e que os veículos leiloados passaram por prazos de notificação, sem que os proprietários regularizassem sua situação.
O IMTT, por sua vez, reforça que as blitze têm como objetivo principal garantir a segurança no trânsito e suspender a circulação de veículos irregulares ou conduzidos de forma ilegal.
Debate Ganha Força e Pressão por Reformas
A situação gerou forte repercussão e já movimenta pedidos de audiências públicas para debater o modelo de fiscalização atual e propor mudanças na forma de abordagem, apreensão e guarda de veículos. Entidades como a OAB-Campos e associações de mototaxistas se mobilizam para ampliar o debate e exigir maior transparência e proporcionalidade nas deliberações.
Enquanto isso, o leilão do dia 6 de agosto segue agendado, com lotes de motos conservadas e sucatas disponíveis para lances online. Mas, para muitos campistas, a dor de ver seu bem indo a leilão sem possibilidade de recurso continua sendo um símbolo de injustiça que ainda aguarda respostas concretas.
Os moradores podem fazer denúncias ou relatar irregularidades de forma anônima junto ao Ministério Público ou canais oficiais da Ouvidoria da Prefeitura de Campos.
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