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MST OCUPA FAZENDA EM CAMPOS

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ocupa a Fazenda São Cristóvão em Campos dos Goytacazes e pressiona pela Reforma Agrária.



Campos dos Goytacazes, RJ — Na manhã da última quinta-feira, 24 de julho de 2025, aproximadamente 500 famílias vinculadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizaram uma ocupação na Fazenda São Cristóvão, situada próxima ao distrito de Travessão, no município de Campos dos Goytacazes. A propriedade faz parte do grupo Othon, conhecido dono das usinas açucareiras Cupim e Barcelos, e atualmente está em processo de negociação para destino à Reforma Agrária, política pública fundamental para garantir o acesso à terra aos trabalhadores rurais. 

A ação integra a Jornada Nacional Camponesa, uma mobilização simbólica e estratégica realizada em todo o país às vésperas do Dia Internacional da Agricultura Familiar, comemorado em 25 de julho. Com essa iniciativa, o MST busca colocar em evidência a paralisação das políticas públicas externas à Reforma Agrária, exigindo agilidade nas negociações para assentamentos produtivos, e reivindicando também a ampliação do acesso à educação do campo, crédito rural e outras políticas de fomento para as comunidades assentadas.

Segundo lideranças do MST, a Fazenda São Cristóvão . — assim como diversas outras propriedades na região — encontra-se improdutiva e subutilizada. "São terras que estão nas mãos de usinas falidas, que há anos não cumprem a função social prevista na Constituição Federal. Essa concentração de terras em poucas mãos só aprofunda a desigualdade e o sofrimento das famílias camponesas que se preocupam em trabalhar e produzir alimentos saudáveis para a população", afirmou um dos representantes do movimento.

Durante a ocupação, o MST relatou que ocorreu um incidente de desespero de famílias pela Polícia Militar sem uma apresentação de ordem judicial, fato que gerou forte tensão e foi considerado uma ação arbitrária pelo movimento. Complementarmente, foi divulgada a informação de que o Grupo Othon possui um passivo fiscal junto à União, o que tem possibilitado o avanço do processo de adjudicação da fazenda para destinação à Reforma Agrária.

A ocupação da Fazenda São Cristóvão reflete ainda um cenário mais amplo de resistência contra a concentração fundiária e a chamada "contrarreforma agrária", termo usado para descrever políticas e práticas que, na visão dos movimentos sociais, favorecendo o agronegócio e perpetuando o latifúndio, enquanto negligenciam os direitos das comunidades tradicionais, quilombolas e indígenas. Nessas condições, o MST reforça a necessidade urgente de políticas que promovam a democratização da terra no Brasil como forma de combater a fome, a pobreza rural e fortalecer a soberania alimentar.

Paralelamente às ações de campo, o MST mantém diálogo constante com o governo federal. O objetivo é obter avanços efetivos em políticas de assentamento, políticas educativas rurais e fortalecimento do crédito para os pequenos agricultores. Esses esforços buscam acelerar as transformações na estrutura agrária brasileira, que historicamente é marcada por uma desigualdade persistente, especialmente nos estados do Sudeste, como o Rio de Janeiro.

Em Campos dos Goytacazes , terra com longa tradição agrícola, mas com grandes desafios sociais relacionados à concentração fundiária, a ocupação da Fazenda São Cristóvão representa uma luta de muitos anos pela justiça social e acesso à terra. Para as famílias participantes do MST, reunir-se e resistir na fazenda é reafirmar a esperança por um Brasil mais justo, onde o campo possa ser ocupado e cultivado por aqueles que nele vivem e produzem.

#AVozDeCamposRJ

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